Pensei em várias formas de inaugurar essa parte do site. No fim escolhi um tema cercado de saudosismo: o começo da minha caminhada.
Tal decisão trouxe aquele tom de “bons e velhos tempos” que só podemos sentir à medida que o tempo passa e tudo parece tão mais distante...
Em finais da década de 1990, computadores eram artigo de luxo, acessíveis a poucos, custavam caro e pareciam um sonho que nem parcelando em 24x nas Casas Bahia seriam realizados. Internet? Ainda era dispendiosa o bastante para não ser uma possibilidade, levando em conta que a conexão era feita através de ligações interurbanas. Aparelho celular? A gente via em filme gringo e achava tão incrível, coisa de gente rica, claro.
Quando se pensou que a tecnologia deixaria de ser um luxo e se integraria a rotina da maioria das pessoas? Computadores, celulares, internet... tudo tão perto da gente que talvez as pessoas mais novas tenham dificuldade em imaginar como era a vida em finais de 1990, início de 2000.
Comecei a escrever “oficialmente” em 1998, quando meu pai e meu falecido avô decidiram comprar um computador e me dar de presente. Talvez isso mostre como era uma aquisição cara e fora do orçamento: meu pai pagava metade da prestação, meu avô a outra metade. E com esse computador em casa (junto com uma eficiente impressora jato de tinta) lancei meu primeiro fanzine, que será assunto em outro post.
Antes mesmo de ter esse computador digno de um filme de ficção cientifica, eu já esboçava minhas primeiras histórias. A semente plantada pela professora do Ensino Fundamental, através de várias redações, desabrochou enquanto eu cursava o Ensino Médio, na época lançando mão dos recursos que eu tinha: papel e caneta.
Pela primeira vez na vida escrevi um “livro”, em um caderno brochura de cinquenta páginas, todas preenchidas à mão e trazendo uma história completa com personagens originais. O segundo caderno, idêntico ao seu gêmeo, também foi preenchido à mão, mas com a primeira fanfic da minha vida: uma história sobre Yu Yu Hakusho.
Lembro a sensação de escrever a última palavra em cada um desses cadernos. E a emoção de narrar as histórias para o meu irmão caçula que ouvia cada uma delas com os olhos brilhando! Guardo essas memórias com carinho e às vezes pego os velhos cadernos nas mãos para ter um pouco dessa sépia de volta.
Confesso que nunca mais li essas histórias! Tenho boas recordações e ambas, mas são as primeiras jamais escritas por uma adolescente inexperiente dando os primeiros passos em sua jornada literária. Creio que a qualidade dos textos é bem questionável, então preservo o sentimento e o protejo com todo meu saudosismo.
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